E tudo indica que o setor de ar condicionado continuará
dominado pelos splits, que representam mais de 70% das TRs (toneladas de
refrigeração) instaladas no País, seguidos pelos modelos de janela (15%),
centrais de água gelada (11%) e sistemas VRF (1%).
Segundo a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de
Produtos Eletroeletrônicos), a indústria vendeu, no ano passado, 3.679.948
minisplits, contra 703.576 condicionadores de janela. “Trata-se de um mercado
em amadurecimento”, resume o
gerente geral de vendas de ar-condicionado
residencial da LG no Brasil, Lúcio Bacha, lembrando que a multinacional sul-coreana
conseguiu atingir este ano 24% de participação no setor.
No primeiro trimestre de 2014, as vendas dos fabricantes
instalados no País cresceram 17,6%, em relação ao mesmo período de 2013. “Se
somarmos os efeitos do maior poder de compra da classe C, o baixo índice de
penetração do ar-condicionado nos lares brasileiros e os preços de splits bem
mais acessíveis do que há alguns anos, podemos traçar um cenário muito
promissor para os próximos”, analisa a gerente de produto da brasileira Elgin,
Andrea Denise de Lima.
Comparando com outros países, o índice de condicionadores
instalados ainda é baixíssimo no Brasil, de menos de 15%, contra categorias
como refrigeradores e lavadoras, presentes em quase todas as residências, e
isso reforça o potencial do setor.
Otimista, o diretor de vendas de portáteis e linha branca da
Philco, Iberê Martello, também considera que o segmento de splits continuará em
forte ascensão, independentemente da política industrial adotada pelo governo
brasileiro. “Nossa meta é alcançar 20% de participação no mercado nacional até
2015”, adianta.
Embora não divulgue sua cota de participação no setor, a
Midea Carrier, detentora das marcas Midea Eletrodomésticos, Springer e Carrier,
segue investindo em Manaus (AM), onde hoje concentra a produção da sua linha
residencial.

“Mas a logística complicada, as dificuldades inerentes ao
complexo sistema tributário e à burocracia elevam os custos da produção local,
principalmente quando fazemos a comparação com o cenário internacional”,
pondera o gestor.
Esse discurso é, praticamente, uníssono entre as empresas
ouvidas pela Revista do Frio. “Acreditamos que poderiam existir mais incentivos
para quem já produz outras linhas e deseja fabricar splits no País. Isso
possibilitaria maior viabilidade de investimentos para a nacionalização. Também
é necessária a implementação da reforma tributária em todos os setores
envolvidos, garantindo maior competitividade”, diz o responsável pelo
departamento comercial de condicionadores de ar da Panasonic, Luciano Valio.
Os fabricantes também avaliam que produtos com maior índice
de eficiência energética e selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial) deveriam contar com benefícios fiscais, a
fim de torná-los acessíveis aos consumidores finais. “Isso alavancaria a
produção nacional de modelos com inversores de frequência”, exemplifica o
diretor da divisão de eletrodomésticos da Samsung, Adelson Coelho.
“Mas notamos que, com o passar do tempo, o consumidor que
adquiriu um condicionador de ar nunca mais deixa de tê-lo. Podemos fazer um
paralelo com o mercado de automóveis, no qual o ar-condicionado se tornou um
item de série praticamente obrigatório”, completa o executivo.
Apesar de também não divulgar sua parcela de participação no
mercado, a diretoria da Samsung afirma estar satisfeita com os níveis de vendas
que vêm sendo atingidos ano a ano no Brasil.
Avanços tecnológicos
Pesquisar e desenvolver meios inovadores de reduzir a
demanda energética dos condicionares de ar, um dos grandes vilões das contas de
luz, continua sendo uma busca incessante das indústrias. Apesar de ainda serem
mais caros quando comparados aos condicionadores convencionais, os aparelhos
dotados da tecnologia Inverter estão se tornando mais comuns.
Além do compressor com velocidade variável e dos gases
refrigerantes mais ecológicos, outra tendência forte no segmento são os filtros
que ajudam a purificar o ar e eliminam vírus, bactérias, fungos e ácaros.
Igualmente notório é o alinhamento dos splits com as atuais
tendências de design, integrando-se de forma discreta e harmoniosa aos
ambientes onde são instalados. E a conectividade dos produtos, possibilitando
acesso remoto via Wi-Fi e 3G, está em voga no segmento, assim como o
desenvolvimento de aparelhos cada vez mais compactos e silenciosos.
Ao que tudo indica, as tecnologias que proporcionam
bem-estar e conforto às pessoas agregam outros valores aos condicionadores de
ar e tornam essa máquina que refresca – ou também aquece os ambientes,
dependendo do modelo – em um item mais de necessidade do que luxo,
propriamente.
Texto: Revista do Frio
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